Revista eletrônica de Anatomia & Ciências. v.4,n.1,p.1,(Jan-Jun). 2014
NEUROANATOMIA
FUNCIONAL DA DOENÇA DE PARKINSON E ESQUIZOFRENIA: NOÇÕES BÁSICAS
NEUROANATOMY FUNCTIONAL PARKINSON'S DISEASE AND
SCHIZOPHRENIA: BASICS NOTIONS
Ronald
de Mesquita Soares Rega - Biomédico Anatomista (UERJ/USP). rmsrega@ig.com.br
A esquizofrenia (grego - "dividir em dois" a
"mente") é considerada pela psicopatologia como um tipo de sofrimento
psíquico grave, caracterizado principalmente pela alteração no contato com a
realidade. É considerada pela OMS como um transtorno psíquico severo
caracterizado por dois ou mais sintomas que incluem alucinações visuais e ou
auditivas além de fala desorganizada (incompreensível), catatonia e sintomas depressivos
que podem estar associadas com paranóias. Atualmente a esquizofrenia é encarada
não como doença, no sentido clássico do termo, mas sim como um transtorno
mental, podendo atingir pessoas de qualquer idade, gênero, raça, classe social
e país. Segundo estudos da OMS, atinge cerca de 1% da população mundial.
A esquizofrenia está associada anatomicamente à
substância negra, localizada no mesencéfalo O mesencéfalo é a parte mais superior do tronco
encefálico, situada entre o diencéfalo e a ponte, sendo também chamado de
pedúnculo cerebral. Esta é uma área muito importante, pois é por onde passam
todos os estímulos que saem e vão para o cérebro, além de conter diversas estruturas
que controlam a postura e ativação do córtex cerebral. No mesencéfalo encontramos os núcleos rubros, a
sustância negra e o núcleo dos nervos óculo-motor (III par craniano), troclear
(IV par craniano) e parte do trigêmeo (V par craniano). Nessa região está
situada a formação reticular rostral, responsável pela ativação do cortes
cerebral.
A substância
negra é uma porção heterogênea do mesencéfalo responsável pela produção
de dopamina e seu fornecimento ao cérebro, possuindo papel importante na
recompensa e vícios. A substância negra apresenta uma convexidade anterior e
uma concavidade posterior e seus neurônios apresentam um pigmento específico de
neuromelanina.
A dopamina é um neurotransmissor catecolamínico
que atua como alvo terapêutico para alguns dos distúrbios importantes do
sistema nervoso central, incluindo a doença de Parkinson e a esquizofrenia.
A degeneração dos neurônios pigmentados nesta
região é a principal causa da doença de Parkinson. Na maioria dos pacientes com
Parkinson, a causa da morte destes neurônios produtores de dopamina é
desconhecida.
O modelo mais comumente citado para explicar a
patogenia da esquizofrenia é a hipótese da dopamina, segundo a qual a doença é
causada por níveis elevados de dopamina no cérebro. Essa hipótese é sustentada
por várias outras observações clínicas. Em primeiro lugar, alguns pacientes que
fazem uso de substâncias que aumentam os níveis de dopamina ou que ativam os
receptores de dopamina no SNC, incluindo anfetaminas, cocaína e apomorfina,
desenvolvem um estado esquizofreniforme, que desaparece quando a dose da droga
é diminuída. Em segundo lugar, as alucinações constituem
um efeito adverso conhecido do tratamento da levodopa na doença de Parkinson.
Por fim, como o tratamento com antipsicóticos que bloqueiam os receptores de DA
modifica os níveis do metabólito da DA, HVA, no plasma, na urina e no LCR, os
pesquisadores conseguiram correlacionar os níveis diminuídos do metabólito da
DA e, conseqüentemente, os níveis diminuídos de DA com uma melhora clínica dos
sintomas esquizofrênicos.
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