Revista eletrônica de Anatomia & Ciências. v.5,n.1,p.1,(Jan-Jun).2015
PSICOTRÓPICOS: SUAS
AÇÕES NA MENTE
PSYCHOTROPIC: YOUR
ACTIONS IN MIND
Correspondência:
Ronald de Mesquita Soares Rega - Biomédico Anatomista (UERJ/USP).
Resumo
– A mente humana é considerada a parte sutil do corpo que conecta a realidade
do mundo com a integridade do indivíduo. Os sentidos especiais como a visão,
olfato, audição, paladar e o tato lançam milhares de informações para a mente
que está preparada, dentro da normalidade, para discriminar o que é realidade
do que é imaginação. As drogas que atuam na mente são chamadas de
psicotrópicos, ou seja, atuam na mente com a finalidade de trazer um tratamento
(psicofármacos) ou de causar um desequilíbrio (psicodislépticos). O objetivo
desse estudo é fazer uma abordagem simples sobre as ações dos psicotrópicos na
mente
Palavras chaves:
psicotrópicos, ação, mente.
Summary - The human mind is considered the subtle body part that connects the
reality of the world with individual integrity. The special senses such as
sight, smell, hearing, taste and touch launch thousands of information to the
mind that is prepared, within normal limits, to discriminate what is the
reality of what is imagination. Drugs that act on the mind are called
psychotropic, or work in mind in order to bring a treatment (psychotropic
drugs) or cause an imbalance (psychodysleptics). The aim of this study is to
make a simple approach actions of psychotropic in mind.
Keywords:
psychotropic, action, mind.
Para
entender a ação dos psicotrópicos na mente, devemos compreender o funcionamento
do sistema nervoso central. O SNC é formado por 60 bilhões de neurônios
interligados formando assim uma enorme rede de comunicação entre o meio externo
e o meio interno (1). Os neurônios usam para sua comunicação substâncias
químicas chamadas de neurotransmissores ou mensageiros. Os neurotransmissores
mais conhecidos e estudados são a acetilcolina, serotonina, dopamina,
noradrenalina, glutamato e GABA (2). Os psicotrópicos agem alterando esse
mecanismo de comunicação, produzindo diferentes respostas de acordo com o tipo
de neurotransmissor envolvido, assim a mente pode sofrer deturpações
provenientes da realidade.
A
palavra psicotrópico vem do latim Psico = mente e Trópico = em direção à, ou
seja isso já informa que sua ação é direcionada ao encéfalo. Para
a Organização Mundial de Saúde – OMS (1981) os psicotrópicos são substâncias
que atuam no sistema nervoso central produzindo alterações de comportamento,
humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora sendo, portanto,
passíveis de “auto-administração" (uso não sancionado pela medicina). Em
outras palavras, estas drogas levam à dependência. (3)
Os psicofármacos são
psicotrópicos que atuam na mente com a finalidade de curar, pois a palavra
psicofármaco vem do latim onde psico = mente e fármaco = o que cura, ou seja, é
um nome genérico que se dá a qualquer remédio que possui efeito exclusiva ou
principalmente comportamental, um psicotrópico que tem ação na cura da mente.
(4, 5)
A psiquiatria, desde um século
antes com Philippe Pinel, é a área da medicina que se preocupa em cuidar dos
doentes mentais. Foi com Pinel que problemas relacionados à loucura passa a ser
considerada doença, o que para a época foi um grande avanço, pois até então os
loucos ou eram vistos como malandros ou como possuídos por demônios. De
qualquer forma, eles deveriam ser deixados de lado e não socializados. A
psiquiatria começou a reintegrá-los à atenção social, mostrando que a loucura
era um problema de saúde. (6, 7)
Os psicotrópicos de um modo
geral são classificados segundo Chaloult em três categorias (8):
1)Psicolépticos
ou depressores do sistema nervoso central – são os psicotrópicos que diminuem a
atividade cerebral deixando o indivíduo “desligado” ou “devagar”, se
desinteressando pelas coisas.
Os
psicolépticos são classificados como:
Neurolépticos
- tranqüilizantes maiores (para tratamento das psicoses).
Ansiolíticos
- tranqüilizantes menores (para tratamento das neuroses, inclusive neurose de ansiedade,
angústia, doença do pânico).
Antimaníacos
- para fases maníacas das psicoses, transtornos bipolares ou ciclofrenia).
Entorpecentes
- diminuem a sensibilidade, provocam torpor.
Soníferos
- induzem o sono, mantém o sono, retardam o acordar.
Fazem
parte desse grupo o álcool, solventes ou inalantes, ansiolíticos, barbitúricos
e opiáceos.
2)Psicoanalépticos
ou estimulantes do sistema nervoso central – são os psicotrópicos que aumentam
a atividade cerebral deixando o indivíduo “ligado” ou “agitado”, sem sono.
Os
psicoanalépticos são classificados como:
Timoanalépticos
– para tratamento das depressões orgânicas (fase depressiva dos transtornos
bipolares).
Psicotônicos
- melhoram a associação de idéias, produzem discreta euforia e incrementam a
atividade psicomotora (ex. anfetaminas)
Fazem
parte desse grupo a cafeína, nicotina, anfetamina e cocaína.
3)Psicodislépticos
ou perturbadores do sistema nervoso central – são os psicotrópicos que
modificam qualitativamente a atividade cerebral, levando a uma perturbação ou
distorção dos sentidos cognitivos do individuo.
Os
psicodislépticos são classificados como:
Alucinógenos
sintéticos - LSD-25
Alucinógenos
naturais - cogumelos, peyotl, maconha, chá de Santo Daime.
Fazem
parte desse grupo os anticolinérgicos, maconha, cacto, cogumelos e LSD.
Por fim, a ação de cada
psicotrópico vai depender de fatores como o tipo da droga (estimulante,
depressora ou perturbadora), da via de administração, da quantidade da droga,
do tempo e da freqüência de uso, da qualidade da droga, da absorção e da
eliminação da droga pelo organismo, da associação com outras drogas, do
contexto social bem como das condições psicológicas e físicas do indivíduo.
Referências:
1.Machado,
A. Neuroanatomia functional. Editora Atheneu. RJ. 2000.
2.Guyton, AC.; Hall, JE.
Textbook of Medical Physiology. Philadelphia. Editora Elsevier
Saunders.2009.
3.Bisson,
MP. Psicotrópicos. São Paulo. Editora Manole LTDA. 2012.
4.Nogueira,
MJ. O uso de psicofármacos: um guia. Rio de Janeiro. Editora Atheneu. 2013.
6.Lima MS, Hotopf M, Mari
JJ, Béria JU, De Bastos AB, Mann A. Psychiatric disorder and the use of
Benzodiazepines: an example of the inverse care law from Brazil. Soc Psychiatry
Psychiatr Epidemiol. 1999;34(6):316-22.
7.Beck CA, Williams JV, Wang
JL, Kassam A, El-Guebaly N, Currie SR, et al. Psychotropic medication use in
Canada. Can J Psychiatry. 2005;50(10):605-13.
8.http://www.mapadamente.com.br/remedios_psiq.htm