Revista Eletrônica de Anatomia & Ciências. v.3,n.1,p.1,(Jan-Jun).2013

Revista Eletrônica de Anatomia & Ciências. v.3,n.1,p.1,(Jan-Jun). 2013
ANATOMIA CLÍNICA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (ATM)

CLINICAL ANATOMY OF TEMPOROMANDIBULAR JOINT (TMJ)

Ronald de Mesquita Soares Rega
Biomédico e Anatomista

     A articulação temporomandibular (ATM), é classificada como uma das mais complexa do aparelho locomotor, pode ser comprometida por doenças e desordens que afetam outras articulações do mesmo aparelho, como os deslocamentos de disco, doenças articulares degenerativas (osteoartrite), artrites inflamatórias e sinovites.
     A articulação temporomandibular é feita entre o processo condilar da mandíbula com a fossa mandibular da porção escamosa do osso temporal apresentando um disco intra-articular. O disco intra-articular é uma estrutura bicôncava, flexível, formado por tecido conjuntivo fibroso denso, normalmente situado entre o declive posterior da eminência articular e a superfície ântero-superior do côndilo, dividindo o espaço articular em dois compartimentos, superior e inferior. Em condições de normalidade, estes compartimentos não se comunicam. disco possui uma banda posterior, uma zona intermediária e uma banda anterior. Sua zona intermediária é consideravelmente mais fina do que a periferia, sendo sua banda posterior mais espessa. A posição normal do disco intra-articular em boca fechada, é aquela em que se tem um alinhamento entre o ponto médio do contorno superior do côndilo da mandíbula e o limite distal da banda posterior do disco. Os movimentos da ATM são: protrusão, retrusão, elevação, abaixamento e laterização. Por ser uma das articulações de grande mobilidade é suscetível de luxação espontânea, o que torna importante o seu conhecimento anatômico e clínico.
     Apenas um pequeno deslocamento da  zona intermediária para anterior é considerado como uma luxação do disco intra-articular. Em posição de abertura máxima da boca, o disco normalmente encontra-se posicionado entre a superfície póstero-superior do côndilo e a superfície convexa do tubérculo do osso temporal. O deslocamento de disco da ATM tem sido definido como uma relação anormal do disco intra-articular com o côndilo mandibular, fossa e eminência articulares. O deslocamento anterior do disco intra-articular é o mais freqüentemente encontrado, podendo ser completo ou parcial, dependendo da extensão do deslocamento.
     Até 1940, artrografias de Norgaard, eram consideradas o principal método para a visualização das luxações da ATM. A morfologia, o posicionamento e a função do disco articular eram visualizados, de forma indireta, em função da injeção de meio de contraste nos compartimentos articulares superior e/ou inferior. Após a injeção do contraste, imagens videofluoroscópicas dinâmicas eram obtidas, com movimento de abertura e fechamento da boca. Apesar de válida na identificação de problemas como as perfurações de disco, a artrografia não é muito recomendada, atualmente, uma vez que é técnica invasiva que envolve dose de radiação ionizante relativamente alta e causa desconforto ao paciente.
     Hoje em dia exames por ressonância magnética nuclear (RMN) são a primeira escolha para o diagnóstico das anormalidades dos tecidos moles da ATM, devido à alta acurácia na determinação da posição do disco articular. É o único exame capaz de apresentar a imagem do disco intra-articular, possibilitando, dessa forma, o diagnóstico dos seus deslocamentos. Possibilita, ainda, informações a respeito da condição óssea, degenerações discais, quantidade de fluido sinovial e dos tecidos retrodiscais.

Bibliografia
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